O texto escolhido para orientar a aula é a reflexão de Marc Bloch, um nome expressivo da Escola de Annales, da corrente histórica originária ainda à época da grande depressão e preocupada com a "longa duração"e seus processos. Seu texto vem carregado de reverência e da defesa do campo da História e seus métodos.
Como sempre, aguardamos comentários e dúvidas após as aulas.
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BLOCH, Marc (2001). Apologia da História ou o oficio do Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor
Cap. 1 - A história, os homens e o tempo
- A história é um "problema de ação" - diante d imensa realidade ele, recorta, escolhe
- Não é a "ciência do passado" - diferente da velha historiografia não é uma narrativa, descritiva, "contada"
- Alguns problemas podem parecer da alçada de outras ciências. Por exemplo, o assoreamento na costa flamenga. Mas quem influenciou sua produção, quem auxiliou sua transformação? Para fora da biologia ou da geologia, foram os atos humanos, de dada estrutura social
- sociedade "remodela" o real e em sua raiz estão os HOMENS, este sim o objeto da história - onde o hsitoriador fareja "carne humana" está sua caça
- mas, não apenas uma ciência do homem, mas dos homens no TEMPO
- tempo como continuum e perpétua mudança - antítese que produz a matéria da História
- nunca se estuda a história fora do estudo de seu momento -apelar apenas "à origem" dos fatos, ideias ou épocas não esclarece -
- o presente - efêmero, momento, não explica tudo como algumas ciências imaginam, nem é prisioneiro meramente do passado
"São as experiências cotidianas que, para nuança-las onde se deve, atribuímos matizes novos, em última análise os elemento, que nos servem para reconstituir" (p. 66).
- primeiro observar a paisagem de hoje, a perspectiva do conjunto de onde se parte - daí penetrar em documentos anteriores, na "brumosa gênese"
- trata-se história da "(...) ciência dos homens no tempo e que incessantemente tem a necessidade de unir o estudo dos mortos ao dos vivos" (p.67)
Neri Rodrigues Contin.
ResponderExcluirHistória não é estória. História poder passar-se por estória e vice-versa? Tendo em vista a possibilidade de ser comprovado através de alguma documentação (um achado arqueológico, um documento escrito...), tem´se que se trata de algo indubitável, sobremaneira ao ter isso passado pelas mãos competentes dos cientistas, a exemplo dos historiadores, dos físicos, dos químicos, dos arqueólogos, dos geólogos. Uma comemoração de aniversário em que, em reunião alegre e festiva, as pessoas se encontram, cumprimentam-se, fazem juntas barulho enquanto comem-e-bebem, reunião sem fotografias, sem filmes, sem algo escrito, é, acaso, algo que não aconteceu, algo não histórico? Uma sociedade ágrafa é, acaso, ahistórica ou não histórica? Ela existe objetivamente? Um transcendimento metafísico idem? Existem os ovnis? Mas, ao mencionar ser a nossa uma sociedade cientificista, leva-se em conta, então, ser a História um dos tentáculos pelas ciências esticado, donde se solicitar que o fato histórico seja passível de ser comprovado, ainda que de formas diferentes graças a momentos diferentes, a ideologias diferentes, a análises de conteúdo diferentes, a essa ou àquela tradução, a interesses diferentes. O que sabemos a propósito da Guerra do Paraguai é o mesmo sabido pelos paraguaios quando se discute o mesmo acontecimento? Solano López era quem por cá sabemos? Duque de Caxias era o mesmo qual o sabemos pela fala dos historiadores de cá? Quem são os historiadores? Como trabalham? Para quem trabalham? Para que trabalham? Quando trabalham? Qual é o seu mister? É mesmo assim que se escreve História? Se a possibilidade de interpretações distintas de um documento é possível, pode-se mencionar, sem medo de errar, ser a História uma ciência (conquanto seja, por sê-lo, passageira), ser um historiador um cientista? O historiador alemão, na terceira década do século passado, escreve e analisa tal qual aquele canadense? De qualquer modo, ao pensar ser a História o registro de fatos dignos de serem memorados, quem é aquele que consegue separar o que é histórico daquilo que não o é? Meu gato está agora aqui ao meu lado lambendo o meu pé: aceitável História? Curiosa estória? E sendo a História isso e aquilo, qual nos dão a saber na Academia, deve-se crer nos que nos instruem, a despeito dos seus respectivos ramos de especialidade, (os filósofos, os paleógrafos, os químicos, os arqueólogos, os físicos, os geólogos, os geógrafos, os juristas, os historiadores...), maiormente ao se ter em vista a falácia da própria ciência, ela que é o atual sustentáculo daquilo a que chamamos civilização contemporânea? É ela, a dita civilização contemporânea, um confiável acontecimento histórico acerca da qual gerações futuras poderão, debruçadas sobre documentos hoje atuais, "saberem" o que realmente se passou no que é hodierno?